sliderReducao-min-1-300x300

A migração para o mercado livre de energia – Vale a pena ou não vale a pena?

24/07/2020

Sempre o primeiro contato com a pessoa que não conhece a realidade desse mercado de energia gera desconfiança, o que é normal. Afinal, quem bate à sua porta lhe oferecendo 30% de desconto em algo que você sequer conhecia?

Bom, é isso mesmo!

Então, vale a pena migrar para o Mercado Livre?

Essa resposta vai depender de vários fatores, mas com certeza vale, se você superar a desconfiança e as barreiras da mudança para esse mercado.

Além de um grande abatimento no valor da conta de energia paga mensalmente, existem outros atrativos para quem resolve migrar para o mercado livre – mas, antes de falar disso, vamos conhecer um pouco sobre nosso setor de energia.

No Brasil, existem dois ambientes de contratação de energia elétrica, o ambiente regulado, conhecido como ACR e o ambiente livre, o ACL.

O ambiente regulado ou mercado cativo, é aquele em que eu e você estamos: não compramos energia, pagamos uma tarifa por ela, ou seja, não podemos negociar preço, entrega, não negociamos nada. O governo decide por nós, ele que faz o leilão da energia que as distribuidoras irão comprar e distribuir para as pessoas.

Já no ambiente livre ou mercado livre, e hoje ele serve apenas pessoas jurídicas, se negocia a compra de energia diretamente com o vendedor, e nessa compra vários fatores são negociados, por exemplo, quantidade de energia, entrega e preço.

Para estar nesse mercado livre é necessário preencher alguns requisitos, entre eles, ser consumidor classificado no grupo “A” (estar conectado em média ou alta tensão) e ter uma demanda contratada de 500 kW. Essas informações podem ser obtidas diretamente na conta de luz enviada pela distribuidora. Caso esses requisitos não estejam presentes, não necessariamente se descarta a possibilidade de migração ao mercado livre, pois em muitos casos algumas adaptações podem ser feitas para se alcançar as condições necessárias.

Passada a barreira técnica, o segundo passo de uma migração ao mercado livre é efetuar uma análise de viabilidade econômica. Esta análise trará ao consumidor informações sobre qual será sua economia no mercado livre em comparação ao mercado cativo. Geralmente estes patamares giram em torno de 15% a 30%, sendo que um valor abaixo de 15% merece mais atenção na tomada de decisão da migração ao mercado livre.

Após os requisitos técnicos e viabilidade econômica alcançados, se inicia a etapa de negociação com a gestora no mercado livre – não que seja obrigatório ter uma gestora, mas é essencial estar por dentro de todos as nuances desse mercado, e com certeza vale muito a pena contratar uma empresa especializada para fazer a gestão de todo o trabalho necessário. Inclusive, esse valor de contratação deve ser levado em conta no estudo de viabilidade econômica.

Existem hoje no mercado diversas gestoras, o que possibilita ao consumidor um leque de ofertas e oportunidades.

Nessas etapas, as barreiras da desconfiança e do desconhecimento vão se rompendo. A gestora deve fazer um trabalho inicial de tirar todas as dúvidas do consumidor, das mais simples às mais complexas.

Uma dúvida, por exemplo, que sempre surge, é sobre quem vai entregar a energia, afinal o consumidor vai passar a comprar sua própria energia. A gestora cuidará de toda a compra de energia para o consumidor, apresentando várias propostas de preços e decidindo em conjunto qual a melhor oferta a ser aceita. Então, o vendedor da energia será o responsável por injetar na rede elétrica a energia contratada (diretamente ou por terceiros), e o consumidor receberá a energia da mesma forma que já recebe hoje, ou seja, pelo sistema de distribuição local.

Assim, o consumidor continuará se relacionando com a distribuidora local, pois continuará pagando o “aluguel” do fio, por meio de um contrato chamado Contrato de Uso do Sistema de Distribuição – CUSD. Então, toda a energia contratada no mercado livre continuará chegando pela mesma rede de distribuição que já era utilizada antes. Cabe colocar que se a empresa está na média ou alta tensão no mercado cativo, ela já tem um CUSD com a distribuidora.

Ultrapassadas todas as barreiras, chegou a hora de usufruir de todos os benefícios que o mercado livre traz, entre eles, previsibilidade de custos, flexibilidade de negociação, ter a escolha de comprar toda a energia necessária de fontes limpas e, principalmente, economia.

Então, vale muito a pena sim migrar para o mercado livre, mas desde que essa migração seja feita de forma profissional e com conhecimento. É necessário buscar várias informações e realizar estudos que correspondam à realidade de cada consumidor e quebrar todas as barreiras que os mantêm desperdiçando recursos. Com isso, o consumidor com toda certeza não se arrependerá em nenhum momento de ter trocado do ambiente cativo pelo ambiente livre de energia elétrica.

Marcelo Gregol – Sócio da Dínamo Energia

Add a Comment

You must be logged in to post a comment